Por Um Fio



Numa tarde também de quinta
De uma quinta também abafada
Abafada como a dor daquele dia
Dia que acabaria com novas mudanças
Mudanças, essa era a certeza que carregava.
Ouviu bramidos com seu nome
Correspondeu
- Oi
- Tudo bem?
Abriu a porta e viu
Ódio
Rancor
Energia alta
Desligou Todo sujo de batom do Belchior
Sussurrando
- Meus depósitos
- Minha escova
- Então Enzo
- Eu já sei
- Perdeu
- Lixo
- Você jogou fora
Gritos
- Vou embora
Lágrimas
- Me solta
- Me solta
- Ouça
- Cala a boca
Usou palavras como você não presta
E você nunca mais vai me ver.
Bramidos pela casa
Na rua
No bairro
Muita ira
Gritou sem sucumbir
Deu até para os vizinhos ouvir
- Enzo
Lembrou-se do aniversario de meses
Lembrou-se das artes quer terminava
Lembrou-se mais uma vez que acabou
Lembrou
Em direção a saída chorou
Gritou
Xingou
E mais uma vez lembrou-se
Do fim
Do desperdício de tempo vivido
Da doação da própria vida
Não calculou o fato
Só lembrava o relato
Pronunciou o tempo que pode
- Enzo você é podre
Não quero explanações
E com um pouco de calma, comentou da dor do coração.
E tomou água
E sentou
E respirou
Jamais sorriu
E parou
E ouviu
Réplicas
Tréplicas
Promessas incertas
E ouviu sem parar
- Você me viu chegar?
- Você me viu por lá?
E ouviu palavras como sempre
E depois ouviu palavras como nunca
E ajoelhou-se
E humilhou-se
E chorou-se
E silenciou-se
O mutismo obteve conta do lar
As crianças que corriam na rua vieram a parar
Certamente até o vizinho ficou em silencio para escutar
- Enzo escuta
Sem bramidos ameaçou
- Vou te dar uma ultima chance
E ameaçou de novo
- Eu não perdoei nem minha mãe
E voltou a ameaçar
- Vacila de novo viu pra você ver
E repetiu a ameaça
- Vou te dar uma ultima chance
E Deu.




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