Confidência
Já falei.
Citei bem antes.
Mais que algumas vezes.
E hoje careci de revelar.
Hoje eu quero afirmar.
Eu preciso me revelar.
Eu gosto de personagens
Na verdade, eu uso
personagens com frequência.
E uso demais.
Todos os dias.
Agora mesmo estou com um
aqui.
Do lado.
Em mim.
Utilizo tanto que às vezes
não me reconheço.
Sempre que posso eu uso.
Às vezes nem dá e eu visto.
Visto porque sou acabadiço
demais.
Porque sou humano.
Às vezes eu queria ser só
uma pessoa.
Já tentei e perdi.
Frustrei-me.
Não sou capacitado para
enfrentar e resistir a tudo.
De cara limpa.
Então, eu uso e abuso
deles em todos os lugares.
Os personagens tem me
acudido a persistir.
Eles são como roupa.
Eu não saio de casa sem.
Outro dia, numa dessas
crises existencial,
Sai pensando alto
demais para o despovoado de querubins,
Quando percebi estava
longe.
E sem personagem.
Foi uma selvageria.
Eu era um touro que foi
levado ao matadouro.
Eu senti muito, mais
que nos outros dias.
Foi ali que percebi que eu
sou dependente.
Que eu preciso vestir um
personagem para sair à rua.
Todos os dias.
Às vezes eu acho que isso
pode está me atravancando.
Que isso pode soar um auto
abandono de quem eu sou de verdade.
Mas eles me fazem tão bem.
Eles me tornam forte.
Enquanto não se mostrar
outra solução,
Enquanto não me fizerem
mal,
Enquanto eles existirem
por aqui,
Continuarei a vesti-los.
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